domingo, 27 de abril de 2008

Artigo "Ritmo e Poesia" por Shirley Espíndola


Quero chamar a atenção sobre a importância que os pais tem de acompanhar os segmentos musicais de seus filhos. O artigo a seguir é uma realidade que vivemos.

Artigo transcrito do Jornal de Jundiaí edição 27de abril de 2008

Ritmo e Poesia

Há muito se sabe que a música tem o poder e a capacidade de comunicar as mais variadas emoções, de expressar os sentimentos mais profundos do ser humano e de traduzir tudo aquilo que em palavras, muitas vezes, não conseguimos fazer. A música serve como válvula de escape do estresse, da sexualidade, das ações e reações do consciente, da mente, da alma, traduzindo os sentimentos mais caros e sublimes. Do inconsciente, a música pode comunicar os mais grotescos, primitivos, animalescos e instintivos estágios do homem.O ritmo propriamente dito, um dos elementos da música principalmente quando é composto por batidas mais frenéticas, é o que se comunica diretamente com o movimento do corpo, com a dança, ou seja, está ligado ao entretenimento, ao instintivo. Já o modo harmônico é capaz de expressar e produzir sentimentos tanto de alegria como de tristeza, como também de estabilidade, santidade ou até mesmo os mais profanos. Tal o qual se reproduzia na Idade Média, período em que a música exercia um caráter absolutamente religioso. A música, aliada ao poder da comunicação de massa, pode levar milhares ao ápice do amor, como em grandes manifestações pela paz ou ao delírio do ódio como o ocorrido no show dos Racionais MC´s na Virada Cultural do ano passado, na praça da Sé em São Paulo, onde aconteceu uma tremenda pancadaria.É fato que nos tempos modernos, o gênero musical da atualidade, conhecido como rap (rhythim and poetry, ou seja, ritmo e poesia), vem se alastrando no meio dos jovens e se disseminando nas periferias das grandes cidades. O mote principal, gira em torno das letras que na sua maioria discursam sobre as diferenças sociais, sobre as facções armadas, o PCC, o tráfico de drogas e de armas e do combate à polícia. Em todo tempo a apologia à criminalidade e ao uso indiscriminado de drogas se faz presente.O ritmo contagiante, associado às letras carregadas de ódio e revolta social, faz com que cresça também uma juventude rebelde contra a sociedade, insurreta aos valores éticos e morais que norteiam uma geração de jovens que serão o futuro do nosso país. Constantemente nestes agrupamentos encontramos manifestações inflamadas incitando à violência, carregadas de vandalismo e criminalidade. As mulheres são subestimadas e degradadas ao ponto da figura feminina ser subjugada e denominada de: "cachorra". Veja ao que ponto chegamos!As músicas do estilo rap em sua maioria, são como hinos cantados pelos jovens que entre os gritos de protestos, prometem vingança e pregam o ódio pela sociedade. Submersos nesta onda de inconformismo, toda uma geração se deixa levar por um modismo que tem principalmente lotado as casas noturnas do Rio de Janeiro e da periferia de São Paulo, alimentando os famosos bailes funks que não deixam de ser pontos de distribuição de drogas e de conflitos entre facções. Veja, olhe agora para a sua, a minha, a nossa responsabilidade quanto à formação cultural e ao o futuro destes jovens e crianças! Fica aqui a minha pergunta: -Onde iremos chegar?
Shirley Espíndola é cantora, escritora, membro da Academia Feminina de Letras e Artes, produtora e apresentadora do programa "Tons do Brasil" que vai ao ar, ao vivo, todos os sábados da 13h às 15h pela Rádio Difusora AM 810, com reapresentação aos domingos da 20h às 22h.

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